22 dezembro, 2021

A linha tênue entre propaganda e exploração

Quem não se lembra do bebê "Micah" que ficou famoso há 9 anos atrás, no qual o pai rasgava um pequeno pedaço de papel e a criança não parava de dar risada para falar sobre a transformação digital, redução do consumo de papel e também da colaboração para um mundo mais sustentável, segundo a própria empresa.

Pois bem, a estratégia da campanha deu tão certo que a empresa resolveu patrocinar o próprio aniversário de dois anos da criança posteriormente e ainda ofereceu uma camisa da Seleção Brasileira de futebol lá nos Estados Unidos para o pequeno "Micah" como uma forma de uma provável política de boa vizinhança. Desde então, a companhia percebeu que poderia usar da vulnerabilidade da criança e ainda contornar a legislação para explorá-la comercialmente, desde que através da autorização dos pais para evitar parecer que é exploração infantil e ainda promover o seu banco.

Neste sentido, surge a questão: A criança, de fato, está ali manifestando uma vontade sua ou está sendo induzida pelos fornecedores? Há muitas brechas na relação se essa interferência configura ilegalidade da propaganda, isso sem mencionar a questão da superexposição da imagem dos menores, pois há canais na internet que no título prometem novos vídeos diariamente, inclusive com hora marcada, o que impõe uma rotina de gravação, fato que, em tese, pode implicar em trabalho infantil.

Desta vez, após ganhar notoriedade em fevereiro deste ano por repetir palavras difíceis para a sua idade em um vídeo no Youtube, uma outra menina chamada "Alice", de apenas dois anos de idade foi contratada para fazer a campanha publicitária de final de ano do banco Itaú ao lado da atriz Fernanda Montenegro. Ao final, a campanha assina com a mensagem "2022 é feito com você". A criação é da agência Africa.

Nota: O que você achou do vídeo?

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